
O manifesto emancipatório de nossos corações.
O mercado dos relacionamentos íntimos é como um açougue.Somos reses, portanto.Todos nós um imenso rebanho que se move conforme a toada.Eles dizem: Vai!E nós vamos.Eles dizem: fica!E nós ficamos.É tudo muito simples e muito perverso.Somos classificados pelo império dos olhos.Se somos fortes, portentosos, com cascos e chifres grandes e brilhantes: somos a prata da casa.Com direito a todos os faustos banquetes.Entretanto, se somos magricelas, enfermiços, fustigados por carrapatos ou chagas misteriosas: somos relegados ao escanteio. Sendo assim que funciona.É bem verdade, também, que todos acabam por receber o seu quinhão, desde que corra atrás.Os bois premiados se deleitam na companhia dos bois premiados e comem-se até fartarem-se (e freqüentemente queixam-se de estarem enfastiados com tudo que comeram, e se dizem entediados, e querem mais do que o melhor que lhes é oferecido), já os bois medíocres, esses não comem quase nunca, a não ser migalhas e refugos do jantar dos seus superiores.E eles são gratos pelo pouco que tem, e os que ousam sonhar com mais, são fustigados com a solidão e o descaso.
Não há esperanças para os bois medíocres em encontrarem o favor do cupido, a menos que eles se esforcem para ser bois premiados.Tal processo, cruel e doloroso, se chegar a ser adotado, termina por eliminar algo: a fé de que nessa terra todos tem lugar ao sol sendo exatamente aquilo que é.Não é verdade!
Somos premiados pelo que parecemos ser.Ninguém se interessa pelos seus brilhantismos e graças.Basta que as suas qualidades estejam no especifico rol das qualidades apreciadas pelos leitores da Vogue.Se você tem uma idéia que vale a pena, ou se importa com outras coisas menos proveitosas (como a arte ou o altruísmo, por exemplo), você é taxado de excêntrico e acaba por terminar num quarto sozinho.Mas não necessariamente você precisa ser excelente assim para merecer o mesmo destino; basta ser marcado pelo signo nefasto da DIFERENÇA.Tudo que não reza da cartilha monótona da igualdade plástica e de plástico, é imediatamente sancionado.O que lhe sobrará, se tiver sorte, se continuar a exibir esse comportamento indecente, serão meros acidentes.
Como pode ser diferente?Se mesmo os medíocres bois solitários, aceitam com resignação esse império sobre suas cabeças?De fato, o sonho desses bois é achar um desses bois premiados que por descuido ou tédio lhe dediquem algo de seu tempo e lhe sussurre mentiras e ilusões em seus ouvidos.Essa carência lhes marca o lombo com a indiferença mais tarde.Poderia dizer: há suas exceções, alguns bois premiados se enamoram verdadeiramente dessas desgraças magrelas e vivem uma linda historia juntos (única e maior herança que o amor nos deixa).Mas os bois medíocres se apegarão justamente nisso, e pouca atenção darão a uniformidade do comportamento contrario por parte dos bois premiados: o asco pelos inferiores.
Termino por exortar que esqueçamos essa natureza bovina de nossos corações.E nos dediquemos verdadeiramente á nos mesmos, de forma que cresçamos em forma e conteúdo, não para deleite alheio (se bem que pode acontecer, acidentalmente) mas sim para a realização de nós mesmos, como únicos consortes ‘’pra sempre’’ que teremos pela vida afora.
é muito cético, porem quem sabe é uma verdade, nao tao absoluta quanto as outras, mais ainda uma verdade. Eu tenho a utopia de um dia viver um mundo onde a casca é o menos importante! Mais enquanto isso nao acontece eu vo contribuindo ao meu modo! e é claro cuidando de mim, da essencia, e sempre que posso do resto hehe. Beijos
ResponderExcluirUm texto ambiguo mas que não perde o sentido. Tambem anseio pela NÃO valorização do homem como simbolo do sexualismo.
ResponderExcluirOnde a carne, a pele e todo conjunto externo é fundamental para o prazer visual.
Vivemos em um mundo visual, num mundo experimental, certas nunca mudarão.
Mesmo assim, nao me sinto mal por isto. Pois nada disso me atinge.
Sou totalmente feliz em ser parte dos oprimidos, pois nem sempre me sinto sozinho! Ainda me resta bons momentos comigo. beijao...