INTO THE WILD.

Escrevi isso em resposta ao desafio do meu coração, após uma manhã e um filme.

Não há pra onde correr.Os caminhos não são tão vastos.E mesmo que sejam, a natureza humana é frágil para trilhá-los.Não é possível invejar a vida dos outros quando, seja como for, o seu caminho será diverso, ainda que o final seja o mesmo para todos.A sabedoria, a maturidade...tudo isso chega quando não se é mais necessário.E o tesouro morre conosco.Como aquele homem que quis levar tudo que possuía consigo, e ao entrar no primeiro rio, cansado de levar todas essas quinquilharias, afundou.Vai melhor quem vai mais leve, pensou antes de morrer.E vai mais leve quem se permite ir, e não vai mais adiante se for ambicioso.A única ambição que me permito é a de decorar para meu próprio uso todas as maravilhosas frases de um Dostoievski ou de Fernando Pessoa.Se uma única estrela do céu, me servisse de guia; eu seria feliz.Mas pela manhã, quando ela saisse de meu campo de visão, eu culparia a estrela em minha loucura.O homem é um estrangeiro.É esse o mistério por trás de todos os males e todos os milagres.Somos menores que as montanhas, as florestas, os abismos e os oceanos.Mas somos maiores que as coisas da terra.Estamos de passagem mas nos apegamos a todas as belas coisas desse mundo; e se nos detivemos por mais tempo do que deveríamos por aqui, é por amor aos sonhos que construímos.Não é justo viver, eu sei disso agora.O apego é o que começa a nos matar.E se buscamos o amor todos os dias da nossa vida – ainda que isso nos pareça vaidade ou inocência – é por que em nosso íntimo já conhecemos nosso destino.Vale a pena se perder nessa busca, se um dia morrer de rir do ridículo de si próprio tentando achar alguma reciprocidade.O amor é nobre; é nosso ingresso de retorno ao paraíso que perdemos.E o coração é o grande livro revelador de nossa meta.Estamos todos presos em uma armadilha, e contamos os minutos até nossa morte chegar.Choramos sozinhos nessa condição desesperada.Esse aperto que você sente no seu peito é o prelúdio dessa situação limite.Quando os véus são rasgados e vemos claramente, sentindo vergonha por nossa pequenez.Questão única de escolha.Nossa busca por liberdade não é barrada por nossa humanidade.É precisamente pelo abraço entre as duas coisas que essa ‘’liberdade’’ se realizará...